15 de jul. de 2011

MOMENTO ESTRAGA PRAZER

Em 2000 fiz o curso de comissária de bordo e confesso que fui mais motivada pela curiosidade do que pela vontade de trabalhar na área, pois até então nunca tinha andado de avião, e achava aquelas garotas super charmosas e glamurosas. Bem, o curso era dividido em parte teórica - Leis da Aviação - e parte prática - Sobrevivência na Selva, Combate ao Fogo, Marinharia e Primeiros Socorros. Atentamos para a sobrevivência na selva que foi realizada num final de semana na Serra do Mar, na companhia de peritos nessa área. Foram mais de 24 horas sem comida e bebida decentes, suportando as roupas molhadas, frio e chuva... Durante o período que ficamos lá fomos divididos em grupos e tínhamos que cumprir algumas tarefas propostas pelos peritos, como: não deixar a fogueira apagar; matar uma galinha e beber o sangue dela; construir uma maca de bambu e transportar uma 'vítima' nessa maca atravesando o rio com ela; andar pelo rio com a água na cintura orientados por uma bússola; percorrer uma trilha a noite na mata nos orientando apenas por uma corda esticada nessa trilha; e montar uma armadilha, para mim a tarefa mais díficil... Enquanto todos os grupos não cumprissem todas as tarefas não íamos voltar para a casa. E meu grupo era sempre o último e realizar essas tarefas. A última foi montar a armadilha que era proposta num desenho e tínhamos que fazer exatamente igual. Na primeira tentativa a pequena árvore que usamos para tal, quebrou, e não tinha outra com aquela envergadura para fazermos de novo, um professor viu que tentamos e quase deu certo. Mas nosso diretor não viu e disse que enquanto não fizéssemos como estava no desenho ninguém sairia dali. Isso já era umas 15h do domingo. Pronto. Surtei. Comecei a chorar, xingar, me desesperei. Disse que não ia tentar, que não queria mais ser comissária, que estava fora do grupo. Aí imaginem 32 pessoas olhando para mim e pensando "caramba essa surtada vai nos deixar aqui"... Mas depois de alguns consolos eu me acalmei e depois de outras tentativas o grupo conseguiu fazer a armadilha que satisfez o nosso 'querido' diretor. Assim partimos felizes rumo a civilização. E eu com a certeza que não nasci para ser comissária, mesmo porque, depois de algumas viagens pelos ares descobri que teho medo, pânico, pavor de aviões.

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