Hoje não vou postar o "momento estraga prazer", mas sim um texto que escrevi há um ano e continua mais atual do que nunca.
Ela de cá. Ele de lá.
Em um belo dia encontraram-se logo pela manhã. Ele propôs: “Fica aqui e me dá um filho?” Ela se esquivou: “Eu não quero ter filhos”.
Ele mora no sítio. Acorda cedo. Tira leite das vacas. Cuida dos porcos e bezerros, alimenta as galinhas. Arruma a roda d’água. Está sempre disposto a ajudar os amigos e vizinhos. É um homem lindo e galanteador. Quer casar e ter filhos.
Ela dizia para ele: “Quero um homem que me ame de verdade do jeito que eu sou. Um homem honesto, trabalhador e inteligente. Que goste de cinema e teatro. Que goste de passear no parque e viajar. Que case comigo e me faça feliz”.
Provavelmente ele ainda aguarda a tão sonhada mulher tropeira e ela aguarda o tão sonhado homem da sua vida. E assim também devem ter chegado à seguinte conclusão: “os opostos não se atraem, apenas se distraem”.
Ela, também do interior. Aos 17 anos foi para uma grande metrópole e há 18 anos que vive no caos da cidade grande. Ela escreve para duas revistas. Frequenta algumas baladas. Viaja. Sempre namora caras que não querem se casar. Faz terapia. Deseja conhecer a Europa e é feliz.
À noite eles voltaram a se encontrar. Ele a levou para jantar, ligou numa rádio local, ofereceu uma música para ela e foi muito gentil. Ela, encantada com tanta gentileza e preocupada por ter saído sem os documentos e não ter usado o sinto de segurança, detalhes da cidade grande.
No outro dia ele voltou para a rotina do sítio e ela para o caos da capital. Por alguns meses se falavam quase todos os dias e cada ligação durava quase uma hora. Falavam sobre os afazeres, música, ditados populares, poesias, animais, aventuras passadas... Faziam-se elogios e declarações.
Ele dizia para ela: “Transforma para eu me apaixonar por você. Quero uma mulher tropeira, que monte, que lace. Que crie porcos. Que cuide dos bezerros. Que tire o leite das vacas. Que me ajude. Que me dê um filho e me faça feliz”.
Ela dizia para ele: “Quero um homem que me ame de verdade do jeito que eu sou. Um homem honesto, trabalhador e inteligente. Que goste de cinema e teatro. Que goste de passear no parque e viajar. Que case comigo e me faça feliz”.
Apesar da distância, eles tentavam ficar juntos e em alguns feriados ou finais de semana, encontravam-se e distraíam-se. A química entre dois era ótima. Conversavam e davam muitas risadas juntos. Mas com o passar do tempo a monotonia do sítio e da cidade acabou distanciando os dois e cada um acabou voltando para a rotina da sua realidade.
Provavelmente ele ainda aguarda a tão sonhada mulher tropeira e ela aguarda o tão sonhado homem da sua vida. E assim também devem ter chegado à seguinte conclusão: “os opostos não se atraem, apenas se distraem”.
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