30 de mar. de 2012

PRESENTE DO DIA...


Quem mora nas grandes metrópoles e tem que usar condução diariamente já se deparou com aquelas pessoas que adoram puxar uma conversa no ônibus. Algumas pessoas não gostam muito de conversar nos coletivos, já outras adoram ficar ouvindo a conversa das pessoas ao lado, atrás ou na frente, mesmo porque, algumas nem fazem questão de manter a discrição. E outras não conseguem ficar cinco minutos sentadas sem abir a boca mesmo. Eu confesso que não gosto muito de papo no ônibus ou nas filas de espera. Mas essa semana a vida colocou do meu lado uma figura. Com alguns bancos vazios ele veio sentar-se justamente do meu lado e quando o motorista e cobrador fizeram um comentário mais alterado foi o estopim para a figura desparar a falar. Nem me recordo o comentário inicial, mas ele começou a falar que já tinha passado por aquilo... De ter apenas uma muda de roupa e era o que eles (ele e os irmãos) precisavam. A mãe lavava todo dia e secava no ferro para eles usarem no dia seguinte. Depois falou do primeiro ofício quando ajudava o pai a fazer ferradura. Acabava o dia supercansado, mas muito feliz porque estava ajudando o pai. Depois da vida profissional que começou numa empresa grande limpando banheiro, pois ia ter seu primeiro filho e queria mais era trabalhar e não se importava em limpar banheiro, pois tinha que comprar o berço, fraldas, mamadeira, leite... Depois se tornou técnico em mecânica sem nenhum estudo, apenas a quarta série, mas com a força de vontade aprendeu o oficio. Mas quando ficou responsável por quatro máquinas precisou estudar para aprender mais e estudou muito, com afinco, pois ele gostava do que fazia. Depois falou dos filhos, que nunca incomoda eles e os filhos ficam preocupados, pois o pai nunca pede nada. E ele falava que não pedia, pois não precisava de nada e sabe que agora os filhos tem suas obrigações, pois são pais de família... Por fim, ele me disse que nenhum trabalho é ruim desde que realizemos o trabalho com vontade e feliz. O ruim é ficar em casa sem trabalhar. Também afirmou que, se no mundo um ajudasse o outro o mundo seria melhor. E lembrou que uma única roupa, desde que seja limpa, é o essencial para sermos felizes... Quando chegou a hora dele descer eu me despedi: "Até logo. Tudo de bom para o senhor!" E ele já na porta para descer: "Pra você também minha filha. Boa Sorte!". Aquela foi a segunda "boa sorte" do dia que eu ganhei. E eu senti que esses desejos chegaram até a mim com muita, mas muita sinceridade. E acho que por fim a sorte acabou mesmo chegando até a mim...

Nenhum comentário: